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 CUIDANDO DE VIDAS COM AMOR


cuindando dos nossos idosos com amor



BRASÍLIA - Distrito Federal
Disque-Idoso 
Recebe denúncias de maus-tratos, transportes, informações sobre direitos.
Das 8 às 18h, de segunda a sexta-feira.
0800-6441401

Promotoria de Defesa do Idoso
Ministério Público do Distrito Federal e Territórios
Ed. do Ministério Público do Distrito Federal, Eixo Monumental, 1º andar, sls. 125 e 127
(61) 343-9414/9960

CEARÁ - Fortaleza
Alô Idoso
Atende denúncias de maus-tratos e abandono.
Das 7 às 19h, de segunda a sexta-feira.
0800-850022

MARANHÃO - São Luís
Promotoria Especializada dos Direitos dos
Cidadãos Portadores de Deficiência e Idosos

Ministério Público Estadual do Maranhão
Avenida Prof. Carlos Cunha, s/nº, sala 135.
Das 8 às 18h, de segunda a sexta-feira.
(98) 219-1816 / 219-1836

MATO GROSSO DO SUL - Campo Grande
Promotoria de Justiça da Cidadania, Idoso e Deficiente
Ministério Público Estadual de Mato Grosso do Sul
Rua Padre João Crippa, 753, Centro.
Das 7h às 11h e das 13h às 17h, às segundas, terças e quintas-feiras.
(67) 321-3250

MINAS GERAIS - Belo Horizonte
Disque-Idoso
Informações sobre postos de saúde, cuidadores de idosos, ambulatórios e transportes.
(31) 3277-4646

Delegacia Especializada de Proteção ao Idoso
Registra casos de abandono material, lesão corporal, maus-tratos, apropriação indébita e perturbação do sossego.
Avenida Afonso Pena, 984, Centro
Das 8h30 às 12h e das 14 às 17h, de segunda a sexta-feira.
(31) 3236-3010/3011

Telefone para denúncias anônimas 0800-305000
Promotoria de Justiça de Defesa da Pessoa Portadora de Deficiência e do Idoso
Ministério Público de Minas Gerais
Av. Olegário Maciel, 1.772.
Das 9h às 18h, de segunda a sexta-feira. 
(31) 3335-8311 / 3335-8375

PARAÍBA - João Pessoa
Procuradoria-Geral de Justiça do Estado da Paraíba
Procuradoria de Defesa dos Direitos do Cidadão
Avenida Getúlio Vargas, 255. 
(83) 241-7094

PARANÁ - Curitiba
Promotoria dos Direitos do Idoso
Av. Marechal Floriano Peixoto, 1251. 
(41) 219-5254

PERNAMBUCO - Recife
Disque-Idoso
Recebe denúncias de maus-tratos e desrespeito ao idoso.
De segunda a quinta-feira, das 8 às 17h30.
0800-2812280

RIO GRANDE DO NORTE - Natal
Promotoria de Defesa do Idoso
Av. Engenheiro Roberto Freire, 8790 (Central do Cidadão do Praia Shopping)
Das 10h às 22h, de terça a sexta-feira e aos sábados, das 10h às 18h.
(84) 232-7244

RIO GRANDE DO SUL - Porto Alegre
Conselho Estadual do Idoso
(51) 3228-8062

Delegacia do Idoso de Porto Alegre
Registra casos de maus-tratos, abandono material, lesão corporal, clínicas irregulares, apropriação indébita da renda.
Av. Presidente Franklin Roosevelt, 981.
Das 8h30 às 12h e das 13h30 às 18h, de segunda a sexta-feira.
(51) 3325-5304

RIO DE JANEIRO - Rio de Janeiro
Ligue Idoso
Recebe denúncias de maus-tratos e orientações em geral.
Das 9h às 18h, de segunda a sexta-feira.
(21) 2299-5700

Delegacia de Atendimento e Proteção ao Idoso
Rua Senador Pompeu, s/nº.
(21) 3399-3181 / 3399-3182

SANTA CATARINA - Florianópolis
Centro de Apoio Operacional de Cidadania do Ministério Público Estadual de Santa Catarina

Rua Bocaiúva, 1.750, 4º andar, sala 405.
Das 9h às 11h30 e das 13h às 18h30, de segunda a sexta-feira.
(48) 229-9210

SÃO PAULO - Capital
Núcleo de Atenção ao Idoso (NAI)

Oferece cursos e informações gerais para idosos, além de atender denúncias de abandono material, maus-tratos e agressões.
(11) 3874-6904

Promotoria do Idoso
Ministério Público do Estado de São Paulo
Defende o interesse de pessoas idosas, se desrespeitados seus direitos previstos na Constituição, e fiscaliza estabelecimentos que prestam serviços a idosos.
Rua Riachuelo, 115.
(11) 3119-9082 / 3119-9083

Delegacia de Proteção ao Idoso
Recebe denúncias de maus-tratos, ameaças e abandono material, entre outras manifestações de violência.
Metrô República - 1º piso.
De segunda a sexta-feira, das 9 às 18h.
(11) 3237-0666 e 3256-3540

Disque Denúncia - Polícia Civil
0800 156315

SÃO PAULO - Marília
Disque-Idoso

Recebe denúncias de maus-tratos, abandono e clínicas irregulares, além de fornecer informações jurídicas sobre aposentadoria, cultura, lazer e saúde. Mantém, ainda, uma relação dos cuidadores de idosos que passaram por um curso específico e encaminha idosos para casas de saúde.
Das 8 às 18h, de segunda a sexta-feira.
(14) 423-8639





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As informações contidas neste site podem ser reproduzidas mediante crédito.

Neste artigo traremos algumas dicas para auxiliar na garantia da saúde e bem estar do idoso, sabe-se que algumas alterações fisiológicas são normais durante esta fase, o sistema digestivo, a dentição, a dificuldade para se alimentar, o paladar, a absorção dos nutrientes entre  outros aspectos ficam muitas vezes comprometidos; logo, algumas mudanças no estilo de vida do idoso são necessárias para melhorar a sua qualidade de vida.

Algumas queixas como prisão de ventre, sensação de saciedade e dificuldades para se alimentar  são bem comuns na maioria dos idosos. Quando ele não comanda a sua própria alimentação é importante que o cuidador esteja atento as necessidades e limitações do mesmo. Para garantir a saúde e bem estar do idoso, é importante ficar atento a variedade da alimentação bem como preversar os hábitos alimentares do idoso; tentar impor um tipo de alimentação diferente da habitual ao mesmo pode contribuir para a indisposição alimentar.

O uso de medicamentos, alguns traumas ou cirurgias, enfim algumas doenças irão exigir uma maior demanda de energia por meio da alimentação, no entanto para o idoso saudável algumas recomendações são válidas, são elas:

  • Ingerir bastante água para manter a hidratação do organismo
  • Os carboidratos que são tão importantes como fonte energética podem ser consumidos em sua forma integral por aqueles que apresentam constipação intestinal
  • As frutas, verduras e legumes devem ser consumidos diariamente para garantir as vitaminas e os minerais ao organismo
  • O leite e os seus derivados bem como as carnes e leguminosas também devem fazer parte do cardápio do idoso, estes grupos de alimentos fornecem respectivamente o cálcio e o ferro tão necessários a saúde dos idosos
  • Os óleos e gorduras e os doces devem ser consumidos com moderação

Em alguns casos específicos será necessária a suplementação de cálcio, vitamina B12 entre outros minerais  para isso será necessária uma avaliação médica e nutricional. Para garantir a saúde e bem estar do idoso de forma efetiva é importante a avaliação de diversos profissionais de saúde como nutricionistas, geriatra e educador físico.

Neste artigo traremos algumas dicas para auxiliar na garantia da saúde e bem estar do idoso, sabe-se que algumas alterações fisiológicas são normais durante esta fase, o sistema digestivo, a dentição, a dificuldade para se alimentar, o paladar, a absorção dos nutrientes entre  outros aspectos ficam muitas vezes comprometidos; logo, algumas mudanças no estilo de vida do idoso são necessárias para melhorar a sua qualidade de vida.

Algumas queixas como prisão de ventre, sensação de saciedade e dificuldades para se alimentar  são bem comuns na maioria dos idosos. Quando ele não comanda a sua própria alimentação é importante que o cuidador esteja atento as necessidades e limitações do mesmo. Para garantir a saúde e bem estar do idoso, é importante ficar atento a variedade da alimentação bem como preversar os hábitos alimentares do idoso; tentar impor um tipo de alimentação diferente da habitual ao mesmo pode contribuir para a indisposição alimentar.

O uso de medicamentos, alguns traumas ou cirurgias, enfim algumas doenças irão exigir uma maior demanda de energia por meio da alimentação, no entanto para o idoso saudável algumas recomendações são válidas, são elas:

  • Ingerir bastante água para manter a hidratação do organismo
  • Os carboidratos que são tão importantes como fonte energética podem ser consumidos em sua forma integral por aqueles que apresentam constipação intestinal
  • As frutas, verduras e legumes devem ser consumidos diariamente para garantir as vitaminas e os minerais ao organismo
  • O leite e os seus derivados bem como as carnes e leguminosas também devem fazer parte do cardápio do idoso, estes grupos de alimentos fornecem respectivamente o cálcio e o ferro tão necessários a saúde dos idosos
  • Os óleos e gorduras e os doces devem ser consumidos com moderação

Em alguns casos específicos será necessária a suplementação de cálcio, vitamina B12 entre outros minerais  para isso será necessária uma avaliação médica e nutricional. Para garantir a saúde e bem estar do idoso de forma efetiva é importante a avaliação de diversos profissionais de saúde como nutricionistas, geriatra e educador físico.


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MURAL DE RECADOS

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Nome: Marcio borges
Email: Contacto
http://www.cuidardeidosos.com.br/portal/wp-content/uploads/2011/08/Credo-do -cuidador-familiar.jpg
Credo do cuidador familiar

Cuidar de seu pai doente, de sua mãe, de sua avó ou de seu marido poderá ser não somente uma realidade que a vida nos proporciona, mas poderá ser também uma imposição ou mesmo um grande sacrifício. Ninguém se prepara para ser cuidador familiar, simplesmente acontece. Assim, o Credo do Cuidador Familiar deverá nortear o seu trabalho, mostrando todas as demandas e as dificuldades que encontrará, ciente de suas possibilidades, expectativas e aspirações. Você ficará melhor consigo mesmo e poderá auxiliar e amar mais o idoso que cuida. Leia-o com atenção e grave-o em seu coração:

Eu cuido muito bem de mim. Se não estou em boas condições de saúde física e psicológica, não poderei cuidar da pessoa idosa .
Eu aceito que cuidar de idoso envolve uma grande variedade de emoções, da raiva à alegria, do ressentimento à compaixão.
Eu aceito que os meus sentimentos, em relação ao idoso que cuido, não estão certos nem errados. Simplesmente, são tão naturais e inevitáveis como o ato de respirar.
Eu tenho o direito de receber consideração, afeto, perdão e aceitação do idoso que cuido, enquanto eu ofereço também estas qualidades em troca.
Eu devo pedir e aceitar ajuda de outras pessoas. Eu envolverei a minha família, os meus amigos e a comunidade no acompanhamento do idoso que cuido. Sei que não é minha função cuidar de tudo e fazer tudo sozinho.
Eu procuro sempre informações que podem ajudar-me como um cuidador. Eu reconheço que a informação é poder. Também reconheço que, quanto mais capacitação e informação eu obter, melhor será o cuidado com o idoso.
Eu respeito as preferências e as decisões do idoso que estou cuidando. Eu ofereço ao idoso a dignidade, o carinho e cortesia que eu gostaria de receber, se a situação se invertesse. Eu tenho o direito de rejeitar qualquer tentativa do idoso (consciente ou inconsciente) para manipular-me através de culpa, raiva ou depressão.
Reconheço que a mudança – para bem ou para mal – é uma parte natural do processo de cuidar de um idoso. Eu me mantenho flexível e aberto à mudanças.
Eu celebro os pequenos êxitos e me permito lamentar as decepções. Eu compartilho os meus sentimentos com aquelas pessoas em quem confio.
Estou consciente de minhas próprias necessidades e de resguardar os meus direitos como um cuidador. Eu não permito que a minha função de cuidador possa atrapalhar outros aspectos da minha vida.
Eu me perdôo pelos meus defeitos e felicito-me pelo esforço e amor que eu coloquei no meu trabalho de cuidador de meu idoso querido e amado.

Adaptado de: http://careliving.net/creed.aspx
Adicionado: August 26, 2011 Responder a esta entrada  Apagar esta entrada  Ver IP
Post 2 Inserido por Comentário:
Nome: Eliane Brum
De: São Paulo
Email: Contacto
http://www.cuidardeidosos.com.br/portal/wp-content/uploads/2011/08/Na-pele- do-outro.jpg
Na pele do outro Na pele do outro

Na pele do outro

O cotidiano parece se repetir conforme o previsto até que você é empalado por uma cena. Eu saía da loja de um shopping de São Paulo, na tarde de sábado, quando ele passou por mim. Não sei se era a forma como o ar se deslocava de outro jeito ao redor dele, mas eu ainda não o tinha visto e minhas mãos já se estendiam no ar para ampará-lo. Ou talvez fosse só impressão minha, uma vontade estancada antes do movimento. Era um homem velho. Mas mais do que velho, era um homem doente. Cada um dos seus passos se dava por uma coragem tão grande, porque até o pé aterrissar no chão me parecia que ele podia retroceder ou cair. Mas ele avançava. E porque ele avançava na minha frente eu pude ver aquilo que outras partes de mim já haviam percebido antes.

Sobre a sua cabeça havia uma peruca tão falsa que servia apenas para revelar aquilo que ele pretendia esconder. E de uma cor tão diferente do seu cabelo branco que parecia descuido de quem o amava ou não amava. Aquilo doía porque havia uma vaidade nele, a preocupação de ocultar a nudez da cabeça. E a peruca mal feita a expunha como um fracasso. A cada um de seus passos de epopeia sua camisa subia revelando um largo pedaço da fralda geriátrica. E assim ele avançava como uma denúncia claudicante da fragilidade de todos nós. Atravessando o corredor do shopping, lugar onde fingimos poder comprar tudo o que nos falta, consumidos pelo medo dessa vida que já começa nos garantindo apenas o fim.

Eu o seguia nesse balé sem coreografia quando ouvi os risinhos. Olhei ao redor e vi as pessoas se cutucando. Olha lá. Olha lá que engraçado. Ele tinha virado piada. Aquele homem desconhecido deixara a sua casa e atravessava o shopping. Para isso empreendera seus melhores esforços. Tinha vestido a peruca para que não percebessem sua calvície. Tinha colocado a fralda para não se urinar no meio do corredor. E caminhava podendo cair a cada passo. E as pessoas ao seu redor riam. E por um momento temi uma cena de filme, quando de repente todos começam a gargalhar e há apenas o homem em silêncio. O homem que não compreende. Até enxergar seu reflexo no olhar que o outro lhe devolve e ser aniquilado porque tudo o que veem nele não é um homem tentando viver, mas uma chance de garantir sua superioridade e sua diferença.

Quando entrevisto algum escritor costumo perguntar: por que você escreve? Alguns me respondem que escrevem para não matar. Eu também escrevo para não matar. Acho que na maior parte das vezes a gente escreve, pinta, cozinha, compõe, costura, cria, enfim, porque não sabe o que fazer com as pessoas que riem enquanto alguém tenta atravessar o corredor do shopping sem ter forças para atravessar o corredor do shopping.

O que me horroriza, mais do que os grandes massacres estampados no noticiário, são essas pequenas maldades do cotidiano. E só consigo compreender os grandes massacres a partir dos pequenos massacres de todo dia. Os risinhos e dedos que apontam, os cotovelos que se cutucam.

Quem pratica os massacres miúdos do dia a dia é gente que se acha do bem, que não cometeu nenhum delito, que vai trabalhar de manhã e dá presente de Natal. Gente com quem você pode conversar sobre o tempo enquanto espera o ônibus, que trabalha ao seu lado ou bem perto de você, e às vezes até lhe empresta o creme dental no banheiro. É destes que eu tenho mais medo, é com estes que eu não sei lidar.
Entrevistei muitos assassinos sem sobressalto, porque estava tudo ali, explícito. Era uma quebra. O que me parece mais difícil é lidar com o mal rotineiro e persistente, difícil de combater porque camuflado. O mal praticado com afinco pelos pequenos assassinos do cotidiano que nenhuma lei enquadra. E quando você os confronta, esboçam uma cara de espanto.

O pequeno mal está por toda parte. Possivelmente sempre esteve. Apenas que cada época tem suas peculiaridades. E na nossa somos cegados o tempo inteiro por imagens que nos chegam por telas de todos os tamanhos. E cada vez mais escolhemos as cenas que veremos, com quais nosso cérebro decidirá se comover. E as dividimos com os amigos no twitter, enviamos por email e parece até que há uma competição sobre quem consegue enviar mais rápido as imagens mais impactantes. Mas não sei se isso é ver. Não sei se isso nos coloca em contato de verdade.

Penso nisso porque acho que o mundo seria melhor – e a vida doeria um pouco menos – se cada um se esforçasse para vestir a pele do outro antes de rir, apontar e cutucar o colega para que não perca a chance de desprezar um outro, em geral mais vulnerável. Antes de julgar e de condenar. Antes de se achar melhor, mais esperto e mais inteligente. Vestir a pele do outro no minuto anterior ao salto na jugular.

Para mim é imediato me colocar na pele do homem que atravessa o corredor sem saber se vai chegar até o fim sem tombar. Mas é mais difícil me enfiar na pele das pessoas que riem, porque sinto raiva. E tenho a pretensão de não ter nada a ver com gente assim. Incorro então no mesmo erro, ao me pretender tão diferente daquele que me horroriza. É certo então que também eu cometi e cometo meus pecados de soberba. Por coerência – e eu valorizo a coerência – preciso me forçar. E eu me forço porque acredito nesse ato.

Quais são as razões delas, então? Por que ao testemunhar o homem que atravessa o shopping em passos trôpegos elas riem, se cutucam e apontam? Fiquei pensando se estas pessoas estão tão cegas pela avalanche de cenas em tempo real que para elas é apenas uma imagem da qual podem se descolar. É só mais uma cena que, como tantas a que assistimos todos os dias, não sabemos mais se é realidade ou ficção. Não é que não sabemos, apenas que parece que não importa, agora que os limites estão distendidos. Por que apenas assistimos às cenas – não as vemos nem entramos em contato.

E é esta a grande diferença num mundo de tanta visibilidade e tão pouco contato real. E o real aqui não é uma oposição entre o real e o virtual, mas o real real. Eu vejo você, eu toco em você, eu sinto a sua dor e me sujo com o seu sangue, ainda que seja pelo computador. É um jeito de estar no mundo e se relacionar com o outro disposto a se deixar tocar e a assumir os riscos de se deixar tocar. Me parece que estamos cada vez menos dispostos a isso – apesar de termos uma possibilidade grandiosa de acesso ao outro por conta da internet. Será que é isso? Dezenas de amigos no facebook e nenhum contato real, no sentido de se deixar transtornar e transformar pelo outro, para além das amenidades e da persistente troca de informações?

Será que era por isso que podiam rir? Por que não tinham nenhuma conexão com aquele outro ser humano? É curioso que agora o verbo conectar é mais usado para nos ligarmos a uma máquina que nos leva instantaneamente para a vida dos outros. Pela primeira vez somos capazes de nos conectar ao mundo inteiro. O que é mais fácil do que se conectar a uma só pessoa – ao homem doente que atravessa o corredor do shopping diante de nós. É curioso como agora podemos nos conectar – para nos desconectarmos.

E se, ao contrário, riam porque se sentiam tão conectadas a ele que precisavam rir para suportar? Pensei então que talvez pudesse ser esta a razão. Aquelas pessoas realmente enxergavam aquele homem – e por enxergar é que precisavam rir, se cutucar e apontar. Porque a fragilidade dele também é a delas, a de cada um de nós.

Nada nos garante que em algum momento da vida não estaremos nós também tentando atravessar o corredor do shopping por onde hoje caminhamos sem sentir. Nada nos assegura de que um dia não seremos nós a quase cair a cada passo. Se tivermos sorte e não morrermos de bala perdida ou de chuva, como afirmar que não usaremos fralda geriátrica ou tentaremos cobrir nossa calvície ou as marcas de uma quimioterapia com uma peruca que apenas denuncia aquilo que queríamos esconder?

Talvez seja esta a razão, pensei. Essas pessoas precisaram rir, cutucar e apontar para ter a certeza – momentânea e ilusória – de que ele não era elas. Não seria nunca. Só apontamos para o outro, para o diferente, para aquele que não somos nós. E quando apontamos para alguém é justamente para denunciar que ela não é como nós.

Neste caso, teria sido para se certificar. Elas diziam: Olha que peruca ridícula. Ou: Você viu que ele está de fralda? Mas na verdade estavam dizendo: O que acontece com ele nunca acontecerá comigo. Ou: Ele não tem nada a ver comigo. Por que deixam gente assim entrar num shopping?

Riam, cutucavam e apontavam por medo do que viam nele – de si mesmas.

São hipóteses, apenas. Uma tentativa de entender – de pensar e escrever em vez de responder com violência à violência que presenciei. E que me aniquila tanto quanto um massacre reconhecido no noticiário como massacre.

Talvez não seja nada disso. No Natal minha filha me deu de presente uma camiseta em que a Mafalda, a personagem do cartunista argentino Quino, dizia: “E não é que neste mundo tem cada vez mais gente e cada vez menos pessoas?”. Talvez ali, no corredor do shopping, não fossem pessoas – só gente. Porque nascemos gente – mas só nos tornamos pessoas se fizermos o movimento.

Eliane Brum

Extraído de: http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,ERT202868-15230-202868-3934, 00.html
Adicionado: August 26, 2011 Responder a esta entrada  Apagar esta entrada  Ver IP
Post 3 Inserido por Comentário:
Nome: guiomar
De: praia grande
Email: Contacto
http://www.cuidardeidosos.com.br/portal/wp-content/uploads/2011/08/Na-pele- do-outro.jpg

Na pele do outro Na pele do outro

Na pele do outro

O cotidiano parece se repetir conforme o previsto até que você é empalado por uma cena. Eu saía da loja de um shopping de São Paulo, na tarde de sábado, quando ele passou por mim. Não sei se era a forma como o ar se deslocava de outro jeito ao redor dele, mas eu ainda não o tinha visto e minhas mãos já se estendiam no ar para ampará-lo. Ou talvez fosse só impressão minha, uma vontade estancada antes do movimento. Era um homem velho. Mas mais do que velho, era um homem doente. Cada um dos seus passos se dava por uma coragem tão grande, porque até o pé aterrissar no chão me parecia que ele podia retroceder ou cair. Mas ele avançava. E porque ele avançava na minha frente eu pude ver aquilo que outras partes de mim já haviam percebido antes.

Sobre a sua cabeça havia uma peruca tão falsa que servia apenas para revelar aquilo que ele pretendia esconder. E de uma cor tão diferente do seu cabelo branco que parecia descuido de quem o amava ou não amava. Aquilo doía porque havia uma vaidade nele, a preocupação de ocultar a nudez da cabeça. E a peruca mal feita a expunha como um fracasso. A cada um de seus passos de epopeia sua camisa subia revelando um largo pedaço da fralda geriátrica. E assim ele avançava como uma denúncia claudicante da fragilidade de todos nós. Atravessando o corredor do shopping, lugar onde fingimos poder comprar tudo o que nos falta, consumidos pelo medo dessa vida que já começa nos garantindo apenas o fim.

Eu o seguia nesse balé sem coreografia quando ouvi os risinhos. Olhei ao redor e vi as pessoas se cutucando. Olha lá. Olha lá que engraçado. Ele tinha virado piada. Aquele homem desconhecido deixara a sua casa e atravessava o shopping. Para isso empreendera seus melhores esforços. Tinha vestido a peruca para que não percebessem sua calvície. Tinha colocado a fralda para não se urinar no meio do corredor. E caminhava podendo cair a cada passo. E as pessoas ao seu redor riam. E por um momento temi uma cena de filme, quando de repente todos começam a gargalhar e há apenas o homem em silêncio. O homem que não compreende. Até enxergar seu reflexo no olhar que o outro lhe devolve e ser aniquilado porque tudo o que veem nele não é um homem tentando viver, mas uma chance de garantir sua superioridade e sua diferença.

Quando entrevisto algum escritor costumo perguntar: por que você escreve? Alguns me respondem que escrevem para não matar. Eu também escrevo para não matar. Acho que na maior parte das vezes a gente escreve, pinta, cozinha, compõe, costura, cria, enfim, porque não sabe o que fazer com as pessoas que riem enquanto alguém tenta atravessar o corredor do shopping sem ter forças para atravessar o corredor do shopping.

O que me horroriza, mais do que os grandes massacres estampados no noticiário, são essas pequenas maldades do cotidiano. E só consigo compreender os grandes massacres a partir dos pequenos massacres de todo dia. Os risinhos e dedos que apontam, os cotovelos que se cutucam.

Quem pratica os massacres miúdos do dia a dia é gente que se acha do bem, que não cometeu nenhum delito, que vai trabalhar de manhã e dá presente de Natal. Gente com quem você pode conversar sobre o tempo enquanto espera o ônibus, que trabalha ao seu lado ou bem perto de você, e às vezes até lhe empresta o creme dental no banheiro. É destes que eu tenho mais medo, é com estes que eu não sei lidar.
Entrevistei muitos assassinos sem sobressalto, porque estava tudo ali, explícito. Era uma quebra. O que me parece mais difícil é lidar com o mal rotineiro e persistente, difícil de combater porque camuflado. O mal praticado com afinco pelos pequenos assassinos do cotidiano que nenhuma lei enquadra. E quando você os confronta, esboçam uma cara de espanto.

O pequeno mal está por toda parte. Possivelmente sempre esteve. Apenas que cada época tem suas peculiaridades. E na nossa somos cegados o tempo inteiro por imagens que nos chegam por telas de todos os tamanhos. E cada vez mais escolhemos as cenas que veremos, com quais nosso cérebro decidirá se comover. E as dividimos com os amigos no twitter, enviamos por email e parece até que há uma competição sobre quem consegue enviar mais rápido as imagens mais impactantes. Mas não sei se isso é ver. Não sei se isso nos coloca em contato de verdade.

Penso nisso porque acho que o mundo seria melhor – e a vida doeria um pouco menos – se cada um se esforçasse para vestir a pele do outro antes de rir, apontar e cutucar o colega para que não perca a chance de desprezar um outro, em geral mais vulnerável. Antes de julgar e de condenar. Antes de se achar melhor, mais esperto e mais inteligente. Vestir a pele do outro no minuto anterior ao salto na jugular.

Para mim é imediato me colocar na pele do homem que atravessa o corredor sem saber se vai chegar até o fim sem tombar. Mas é mais difícil me enfiar na pele das pessoas que riem, porque sinto raiva. E tenho a pretensão de não ter nada a ver com gente assim. Incorro então no mesmo erro, ao me pretender tão diferente daquele que me horroriza. É certo então que também eu cometi e cometo meus pecados de soberba. Por coerência – e eu valorizo a coerência – preciso me forçar. E eu me forço porque acredito nesse ato.

Quais são as razões delas, então? Por que ao testemunhar o homem que atravessa o shopping em passos trôpegos elas riem, se cutucam e apontam? Fiquei pensando se estas pessoas estão tão cegas pela avalanche de cenas em tempo real que para elas é apenas uma imagem da qual podem se descolar. É só mais uma cena que, como tantas a que assistimos todos os dias, não sabemos mais se é realidade ou ficção. Não é que não sabemos, apenas que parece que não importa, agora que os limites estão distendidos. Por que apenas assistimos às cenas – não as vemos nem entramos em contato.

E é esta a grande diferença num mundo de tanta visibilidade e tão pouco contato real. E o real aqui não é uma oposição entre o real e o virtual, mas o real real. Eu vejo você, eu toco em você, eu sinto a sua dor e me sujo com o seu sangue, ainda que seja pelo computador. É um jeito de estar no mundo e se relacionar com o outro disposto a se deixar tocar e a assumir os riscos de se deixar tocar. Me parece que estamos cada vez menos dispostos a isso – apesar de termos uma possibilidade grandiosa de acesso ao outro por conta da internet. Será que é isso? Dezenas de amigos no facebook e nenhum contato real, no sentido de se deixar transtornar e transformar pelo outro, para além das amenidades e da persistente troca de informações?

Será que era por isso que podiam rir? Por que não tinham nenhuma conexão com aquele outro ser humano? É curioso que agora o verbo conectar é mais usado para nos ligarmos a uma máquina que nos leva instantaneamente para a vida dos outros. Pela primeira vez somos capazes de nos conectar ao mundo inteiro. O que é mais fácil do que se conectar a uma só pessoa – ao homem doente que atravessa o corredor do shopping diante de nós. É curioso como agora podemos nos conectar – para nos desconectarmos.

E se, ao contrário, riam porque se sentiam tão conectadas a ele que precisavam rir para suportar? Pensei então que talvez pudesse ser esta a razão. Aquelas pessoas realmente enxergavam aquele homem – e por enxergar é que precisavam rir, se cutucar e apontar. Porque a fragilidade dele também é a delas, a de cada um de nós.

Nada nos garante que em algum momento da vida não estaremos nós também tentando atravessar o corredor do shopping por onde hoje caminhamos sem sentir. Nada nos assegura de que um dia não seremos nós a quase cair a cada passo. Se tivermos sorte e não morrermos de bala perdida ou de chuva, como afirmar que não usaremos fralda geriátrica ou tentaremos cobrir nossa calvície ou as marcas de uma quimioterapia com uma peruca que apenas denuncia aquilo que queríamos esconder?

Talvez seja esta a razão, pensei. Essas pessoas precisaram rir, cutucar e apontar para ter a certeza – momentânea e ilusória – de que ele não era elas. Não seria nunca. Só apontamos para o outro, para o diferente, para aquele que não somos nós. E quando apontamos para alguém é justamente para denunciar que ela não é como nós.

Neste caso, teria sido para se certificar. Elas diziam: Olha que peruca ridícula. Ou: Você viu que ele está de fralda? Mas na verdade estavam dizendo: O que acontece com ele nunca acontecerá comigo. Ou: Ele não tem nada a ver comigo. Por que deixam gente assim entrar num shopping?

Riam, cutucavam e apontavam por medo do que viam nele – de si mesmas.

São hipóteses, apenas. Uma tentativa de entender – de pensar e escrever em vez de responder com violência à violência que presenciei. E que me aniquila tanto quanto um massacre reconhecido no noticiário como massacre.

Talvez não seja nada disso. No Natal minha filha me deu de presente uma camiseta em que a Mafalda, a personagem do cartunista argentino Quino, dizia: “E não é que neste mundo tem cada vez mais gente e cada vez menos pessoas?”. Talvez ali, no corredor do shopping, não fossem pessoas – só gente. Porque nascemos gente – mas só nos tornamos pessoas se fizermos o movimento.

Eliane Brum

Extraído de: http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,ERT202868-15230-202868-3934, 00.html
Adicionado: August 26, 2011 Responder a esta entrada  Apagar esta entrada  Ver IP
Post 4 Inserido por Comentário:
Nome: Comunidades.net
Olá,

Muitos Parabéns pelo seu Site!

De toda a equipa do Comunidades.net,
desejamos-lhe o maior Sucesso com o seu Site.

Resposta do Administrador: Olá boa tarde a todos e muito obrigada
Um forte abraço, todos bom FDSS todos. :) :)
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